Se tem algo que nunca decepciona é a habilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro de causar um furacão político e sair alegando que estava só “brincando dentro das quatro linhas da Constituição”. Nesta segunda-feira (25), Bolsonaro declarou que “nunca houve discussão de golpe de Estado” enquanto, coincidentemente, a Polícia Federal (PF) estava indiciando ele e mais 36 coleguinhas por, veja só, um plano de golpe de Estado. Parece enredo de novela, mas é só mais um capítulo do Brasil 2024.
As “quatro linhas” mais flexíveis do planeta
Bolsonaro soltou mais uma de suas pérolas:
“Ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando.”
Ah, claro, porque para ele o problema nem é planejar um golpe, mas sim o time pequeno. Aparentemente, para o ex-presidente, conspirar para derrubar um governo eleito é válido, contanto que a execução não pareça coisa de churrasco de domingo com os amigos.
E, olha, ele ainda teve a audácia de levantar uma questão filosófica sobre o “after day” do golpe:
“Tudo bem, e o dia seguinte, como fica o mundo perante a nós?”
Alguém avisa que o mundo já está bem perplexo com a nossa capacidade de criar confusões desnecessárias?
Áudios que “ofendem”
Como se não bastasse o indiciamento, a PF ainda jogou lenha na fogueira revelando áudios de militares discutindo a possibilidade de golpe. E a reação do ex-presidente? Ele se sentiu ofendido. Isso mesmo, gente! Bolsonaro se ofende facilmente, desde que não seja por coisas como negacionismo na pandemia ou declarações absurdas como:
“E daí? Não sou coveiro.”
Ou aquele clássico sobre vacinas que fariam as pessoas virarem jacaré. Porque, vamos combinar, acreditar em golpe de Estado com a turma do Mauro Cid é quase tão realista quanto isso, né?
O mito e o “estado de sítio” que não rolou
Bolsonaro também tratou de esclarecer que não assinou nada sobre estado de sítio ou de defesa. Segundo ele, foi só curiosidade jurídica:
“Eu procurei saber se existia alguma maneira na Constituição para resolver o problema. Não teve como resolver, descartou-se.”
Traduzindo: ele basicamente deu aquele famoso “e se…” enquanto folheava a Constituição como quem lê um cardápio de pizzaria, procurando uma brecha que tornasse um golpe mais palatável. Mas, calma, ele não assinou nada, então está tudo bem, né?
Por que o caos é a cara dele?
Se você acha que tudo isso soa como algo que poderia facilmente estar no currículo não oficial de Bolsonaro, você não está sozinho. O homem tem um histórico que fala por si:
- Negacionismo na pandemia: Enquanto o mundo inteiro corria atrás de soluções, ele dizia que “gripezinha” era o maior problema do momento.
- Apoio a atos antidemocráticos: Não é novidade que ele adorava ver manifestações pedindo o fechamento do STF e do Congresso, tudo regado a discursos inflamados sobre liberdade e “patriotismo”.
- Teorias conspiratórias: Da vacina-jacaré até a insistência de que as urnas eletrônicas são um problema, Bolsonaro sempre soube como alimentar as mentes mais criativas do zap.
- Golpes imaginários desde 2019: Segundo ele, o mundo sempre conspirou contra sua presidência, e os rumores de golpe já o perseguiam desde o primeiro dia de mandato.
E agora, Bolsonaro?
Enquanto isso, o ex-presidente tenta se blindar com sua narrativa de “fiquei dentro das quatro linhas”. Mas convenhamos, essas linhas devem ser feitas de elástico, porque conseguem se esticar para comportar um punhado de acusações que vão desde fake news até “golpismos casuais”.
O fato é que a história não perdoa, e os registros da PF mostram um Brasil dividido entre quem acredita no mito e quem só quer entender como chegamos ao ponto de discutir um golpe que (graças a Deus) nunca saiu do PowerPoint.
O que podemos aprender?
Se tem algo que fica claro é que precisamos de líderes que entendam que “as quatro linhas” são limites intransponíveis, e não faixas de trânsito em que você pode mudar de ideia conforme a conveniência.
E se Bolsonaro está preocupado com o “after day” de um golpe, talvez ele devesse se preocupar mais com o “after day” de todos os escândalos que orbitam sua carreira. Porque, no fim das contas, só resta uma certeza: o caos político é mesmo a cara dele, e, francamente, ninguém está surpreso.
– E aí, ficou de cara? 😏